Precisamos falar dessa data tão importante: O dia das mulheres. Como gostaríamos de apenas render homenagens às trabalhadoras desse país, pelo excelente trabalho que fazem, pela competência com que desempenham as suas funções, pela sua busca incessante por conhecimento e formação, enfim, pelas profissionais fora da curva que são, mesmo sendo tão cobradas, perseguidas e desvalorizadas no cenário trabalhista e social. Contudo, nesse texto precisamos ir muito além e falar sobre assuntos pesados, assuntos que precisam vir à tona, nesse e em todos os outros dias.
Não é de hoje que o Senalba MG vem se referindo a esse dia como o dia internacional de luta da mulher, isso porque, muito mais do que um dia de homenagem, esse deve ser um dia de conscientização sobre a luta diária da mulher no mercado de trabalho e na sociedade. Mas, nesse ano precisamos falar sobre a violência contra a mulher, que atinge níveis alarmantes e têm assustado a população e tentado calar e coagir muitas mulheres a lutar pelos seus direitos e por dignidade.
É só ligar a TV, em qualquer noticiário, para se deparar com milhares de mulheres assassinadas por homens que acreditam que elas são objetos de posse individual e que devem agir e pensar da maneira que querem. Mulheres que sofrem todo tipo de violência, física, mental, emocional e se veem obrigadas a aceitar isso por medo de perder a sua vida, a de seus filhos e familiares.
Até quando isso vai acontecer? Até quando as pesquisas irão apontar que a cada 2 minutos uma mulher é violentada no nosso país?
Segundo matéria publicada no principais veículos de comunicação do país, a violência doméstica cresceu 5,2% no ano passado, atingindo níveis alarmantes. São 349.942 pedidos de medidas protetivas de urgência, no ano, 958 pedidos por dia. Sendo que 89,9% das mortes foram cometidas por Ex-companheiros ou companheiros. Sem falar na quantidade absurda de estrupo de crianças, por familiares e conhecidos da família que já atinge 84,1% dos casos.
São milhares de mulheres, de todas as idades, de todas as classes sociais, de todas as etnias que não têm o seu direito de ir e vir respeitados, por medo. Nem mesmo dentro de suas casas elas estão seguras.
Nos últimos anos vivemos dias difíceis, um governo que menosprezava as mulheres, que em seus discursos e entrevistas utilizava de frases que incentivam a objetificação das mulheres, como por exemplo se referir a um apartamento como abatedouro, atribuir estrupo a merecimento: “Eu jamais ia estuprar você porque você não merece”, justificar o salário inferior das mulheres, usando como justificativa que elas engravidam: “Por isso o cara paga menos para a mulher (porque ela engravida)”, não podemos deixar de dizer, que tudo isso culminou em um aumento gigantesco da violência em nosso país e precisamos reverter esse quadro doloroso e desleal.
Por esses e tantos outros motivos, o dia 8 de março, é um dia de luta, um dia de conscientização, um dia de protesto, um dia de gritar por Justiça aos quatro ventos, precisamos olhar para as nossas mulheres e não só compadecer, mas fazer algo. A sociedade não pode compactuar com isso, é preciso união e luta, é preciso medidas públicas de combate e prevenção à violência, é preciso respeito e igualdade de direitos, é preciso liberdade de viver.
Incentivamos a todos os trabalhadores a não se calarem, sejam homens, ou mulheres, vamos nos unir e fortalecer o vínculo do amor e da sororidade*, afinal, juntos somos mais fortes.