A história do Senalba-MG se confunde com a história do sindicalismo no Brasil. Os dilemas, conquistas, dificuldades e desafios enfrentados pela classe trabalhadora e pela população no País foram vivenciados de perto pela entidade, que participou ativamente de praticamente todos os momentos políticos importantes de nossa história recente.
A carta sindical do Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, Orientação e Formação Profissional no Estado de Minas Gerais é de 20 de fevereiro de 1964. A primeira sede do Sindicato foi na rua Caetés, no Centro de Belo Horizonte, em uma sala dividida com o Sindicato dos Condutores de Veículos de Tração Animal.
Um pouco mais de um mês depois de assinada a carta sindical, em 31 de março de 1964, explodiu o golpe militar, que paulatinamente foi cerceando a participação política no País, calando intelectuais, reprimindo toda espécie de contestação e estabelecendo a repressão e a cassa aos comunistas. Isso por quase 20 anos.
Nessa época, o então SECRASOF, como o Senalba-MG era chamado, teve atuação tímida. “O Delegado Regional do Trabalho à época, segundo dizem as más línguas, era um dedo duro. Boa parte das lideranças sindicais em Minas que foram cassadas no período revolucionário foi porque ele apontou”, conta o ex-presidente da entidade, José Zanetti Gonçalves.
Na corda bamba
Por isso, a atuação da entidade era como que numa corda bamba: qualquer passo em falso poderia significar a morte da entidade. Assim é que tudo era feito dentro da legalidade. “Qualquer vacilo poderia significar o fechamento do Sindicato. Atuávamos dentro da lei, ajuizávamos muitos dissídios coletivos, mas não chegamos a fazer greve nessa época”, lembra Zanetti. Como muitos sindicatos da época, o mérito foi garantir a sua sobrevivência, esperançosos de que no futuro o sindicalismo iria por a sua marca na história do nosso País.
A relação com os patrões era difícil e os direitos eram adquiridos a duras penas. Zanetti afirma que a mentalidade de alguns patrões era de que os trabalhadores não tinham direitos. “Direito é o que damos a vocês, diziam alguns, e aí o patrão ainda saía como bonzinho”.
O ex-presidente Ernesto Passos lembra que as direções Sesi, Senai, Sesc e Senac, chamados 4S, apoiavam a ditadura. “Era difícil ter uma participação dos funcionários. Só acontecia se você tinha um mandato sindical, porque as direções reprimiam, era um terrorismo violento.”
O novo sindicalismo se impõe
Com os ventos da abertura política soprando forte no final da década de 70, o Senalba -MG se junta aos movimentos sociais, partidos políticos, intelectuais que traçam novo rumo para a política no País.
O Senalba-MG se reuniu com vários outros sindicatos em Minas - dos Médicos, Bancários, Gráficos etc - e se tornou personagem ativa da redemocratização. A entidade “esteve junto na organização de gigantescas manifestações unitárias, como a de 1º de maio de 79”. (Tiro Ao Alvo,1993).
No início dos anos 80, o Senalba-MG participou de todo o processo de fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), uma entidade nacional que passou a congregar a luta de todos os trabalhadores.
Durante dois anos, discutiu com a categoria a sua filiação à Central, definida em 1985. Em Minas, a entidade encampou uma luta pela não redução da jornada e dos salários no Sesi, uma luta de bastidores, indireta, já que a situação política ainda não permitia uma mobilização maior da categoria.
O ano de 84 pode ser considerado um marco na história do Senalba-MG. Nesse ano foi realizado um dos maiores encontros da categoria e nas eleições para a diretoria da entidade uma chapa conseguiu aglutinar militantes com novas visões do sindicalismo. E a entidade participou ativamente do movimento pelas Diretas Já.
O Senalba-MG tornou-se um sindicato de luta incessante. “Os trabalhadores lembravam do Senalba enquanto um Sindicato de luta. As pessoas iam para outras categorias levando essa experiência”, afirma o ex-presidente Ernesto Passos.
Solidariedade é a marca
Na década de 80, as mazelas provocadas pela inflação alta e pelo arrojo salarial colocaram num mesmo bojo todos os trabalhadores. Todos sofriam e a solidariedade nas lutas é a marca. O Senalba-MG, por ser um sindicato onde várias categorias se aglutinavam, teve experiência ainda mais forte dessa conjuntura - se havia uma luta no Senac, toda a categoria representada pelo Senalba-MG era solidária.
Nessa época, foram significativas as greves da Febem (os trabalhadores das fundações do Estado eram base da entidade), do Senac, as lutas dos trabalhadores do Sesi, Senai e da Fump, as discussões em torno da democratização da gestão dos S e os encontros e congressos realizados.
Em 1986, o Senac parou pela primeira vez em 40 anos de existência, com os trabalhadores reivindicando reposição salarial e implantação de cargos e salários. “O Senac Minas é o 3º do País em arrecadação e o que paga os piores salários”, informava boletim da época.
Em 1987, a Febem realizou uma greve histórica de 36 dias, na qual, como informava o boletim aos trabalhadores, “ficou demonstrada a fibra, a resistência e a capacidade de luta de muitos trabalhadores. Os trabalhadores não se intimidaram com as ameaças do governador Newton Cardoso”.
A Constituição de 88 possibilitou uma maior liberdade sindical e, como bem informou o jornal Tiro ao Alvo em 1993, “os sindicatos deixaram de ter os seus atos controlados pelo Estado e os trabalhadores puderam discutir e definir com quem queriam se organizar. Os funcionários públicos puderam criar seus sindicatos, proibidos até então”.
Um importante fato dessa época foi a realização do I Congresso Nacional, em 1989, que “propôs a discussão e a reorganização dos Senalbas em três novos sindicatos. Um das entidades recreativas, outro aglutinando os 4S e afins e um terceiro reunindo as fundações e associações assistenciais”. (Tiro Ao Alvo, 1993).
Os desafios dos anos 90
A saída da base do Senalba-MG das fundações do Estado (Febem, Fundação Clóvis Salgado etc.) e a posterior criação do sindicato dos trabalhadores em entidades recreativas (dos três propostos, apenas esse foi criado) não diminuiu as ações da entidade.Pelo contrário, o que se viu foi um incremento da base, com a entrada de novos agentes e maior participação de outros, como as trabalhadoras em creche.
Em nível nacional, os trabalhadores enfrentavam os desmandos do então presidente Collor de Mello e seus mirabolantes planos econômicos. A posição do Senalba-MG foi a favor do impeachment e contra os primeiros sinais da política neoliberal que já se instalava no país, e que teve como o seu maior representante o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
A década de 90 no Senalba-MG é marcada pela luta dos trabalhadores do Senac, que realizaram mais uma greve histórica, da Fundação Mendes Pimentel, da Assufemg, Servas e de tantos outros.
A era da globalização e do pensamento único econômico, com suas privatizações, terceirizações, desemprego, redução dos investimentos sociais impuseram e ainda impõem desafios enormes aos trabalhadores brasileiros e de todo o mundo. Como marco do Senalba-MG no início desta década está o estabelecimento de Convenções Coletivas, a partir de 2001, uma grande conquista para a categoria, já que na ausência de acordo coletivo, vale o que estava na Convenção.
2010
Depois de tantos anos de luta para a solidificação do Senalba enquanto entidade de luta pelos direitos dos trabalhadores, o Senalba se insere também no fortalecimento da formação do trabalhador como cidadão ativo na construção de um País melhor para todos.
Atualmente, o grande desafio do Senalba-MG é tornar-se um sindicato cada vez mais atuante, fomentando a participação e a mobilização dos trabalhadores para as conquistas salariais e de políticas trabalhistas.
Com sede nova, comprada em 2007, com a reforma e transformação da antiga sede (na Av. Afonso Pena) em auditório, o Senalba além de proporcionar um espaço para as assembleias, pretende que esse auditório seja um local de construção do saber.
O ano de 2010 será marcado por cursos de formação e do Encontro Nacional dos Senalbas promovido pelo Senalba-MG em Ouro Preto em setembro.
2014
Esse foi um ano especial na história do sindicato, marcado pela comemoração de meio século de história, este ano trouxe uma reavaliação positiva para o Senalba-MG. Observamos o quanto crescemos e modernizamos essa instituição, como é bom olhar pra trás e ver como melhoramos.
Chegamos a ter 7 subsedes espalhadas no nosso estado e com elas conseguimos levar o Senalba pra perto dos trabalhadores, mas após a reforma trabalhista, que sucateou os sindicatos brasileiros, todas precisarm ser fechadas. Contudo, nossa sede é ampla e permite que o trabalhador seja bem atendido e de uma forma confortável, nossos veículos de comunicação cresceram e possibilitaram um feedback instantâneo sobre as necessidades e anseios dos trabalhadores da base, temos mais qualidade no serviço e nos benefícios prestados ao sócio, dentre milhões de outras coisas que tornam o Senalba-MG, um dos maiores sindicatos do estado.